domingo, 9 de dezembro de 2007

com saudade do Marvin

Quando contaram me arranhei para acordar. A boca abre, mas as palavras não saem. De repente o céu ficou negro e foi chover em outro lugar.

Marvin era o beijo estalado na minha bochecha, era o bagunçado do meu cabelo. Chegou sorrindo. Não disse oi. Não perguntou como eu estava. Não disse nada.

Ele não estava bem. Falava que queriam aprisionar seu pensamento. Eu o vi correndo, pulando o muro e embaixo da cama do Rony gritava com medo e implorava para não deixarem lhe pergar.

Tantos dias foram eternos sem ele perto de mim. Afoguei-me em braços e me esfreguei em pêlos que não eram de Marvin.

Encontrei-o perdido. Soluçava sem os sentidos da razão e esmagava meus caramujos achando que eram os seus. Rasgava-me e depois dizia que queria estar no meu corpo, no lugar da minha alma até a dor passar.

Quando aos 16 acendeu a luz ao meio dia, já não me amava mais e não sei se um dia amou. Marvin se tornou o argumento mais próximo para minha solidão, a grama gasta do meu quintal.

Eu não sabia onde encontrá-lo e mesmo que eu gritasse me disseram que agora não adianta mais chamar. Decidiram por ele. Marvin morreu! E ele foi embora como quem diz que vai ao banheiro e não volta.

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