quarta-feira, 20 de agosto de 2008

meu canto
num canto parado
esperando o compasso
dos seus passos chegar

domingo, 3 de agosto de 2008

3 de Agosto

Em julho não choveu e não há porque se lembrar.

Decidi ir embora.
Eu nunca disse: eu te amo. Mas, com silêncio te provei. De tua descrença, meu bocejo.
Ao olhar para atrás a certeza da partida e, depois de tantas partidas, a mais dolorida. A que seus passos nunca mais encontrarão os meus.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Texto

Os espirros geralmente exalam um odor cafeinado ou de cinzeiros engasgados de bitucas. Ou de cinzeiros engasgados de bitucas cafeinadas. Há aqueles também de noites bem dormidas e manhãs atrasadas, espirros amanhecidos e dentes não escovados. Os de ressaca, quase embriagados e idosos. Mas, nunca mentolados.

sexta-feira, 21 de março de 2008

La Vita!

Tanto tempo em silêncio e com o coração atrofiado. Agora não faz mais sentido, nada faz sentido. Não tem mais sentido! O beijo que antes estremecia, agora parece a busca do gelo na água, e a voz balbucia entediada.

Tenho formigas pelo corpo, e por mais que estapeie, elas seguem marchando, arrancando o que podem levar. São tantas as marcas esquecidas e ainda surgem feridas. Eu não sei por qual caminho ir e para voltar é preciso seguir.

Os dias por aqui seguem acesos e todas as coisas cheiram a cocaína. Não há alguém para lembrar, nem para dividir a solidão. A coceira na cabeça implora pelas lembranças esquecidas em algum bar.
Rutinha!!!

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Quando Caetano se cala.

Assustar-me com a porta batendo e ouvir Umberto cantar, faz a solidão se tornar concreta. A paixão já azul amarga de tempos guardada, ainda arde os olhos de tanto chorar. As unhas bem pintadas descascam sem graça por esperar. E como dizer que a canção que ouço é para sentir-te batucar mais forte no coração? As pequenas mãos que seguravam as minhas, agora são impar e tateiam o outono perdidas na bolha opaca de sabão...

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Proclamação dos Finados da Republica do Zumbi dos Palmares

Novembro. Não fui para o Rio de Janeiro, fiquei trancada na entediante bela cidade de São Paulo. Um amigo foi para lá aprender a xiar e beber cerveja barata.
Aqui não fiz ninguém gozar e também não me fizeram.
Arrisquei o centro pela distração mas, mesmo com tantas pessoas descendo e subindo para todos os cantos do país, a porra dessa cidade ainda estava sufocada de gente, frustando minha super idéia de sair correndo pelada por aí.
Lá na Barão ou perto dela, um amigo foi cercado por três carinhas que pediaram 1 real para comprar pastel. Mas, ele não tinha a bendita nota. Nem cinco minutos se passaram e logo pediram o "biriguinho" dele. Não precisou de muito para saber que eles que eles queriam mesmo era o celular. Caralho, a crise inflacionária está foda, atingiu até os trombadinhas. Eram três contra três e um táxi. Ganhamos! O carinha perebento disse que não ia embora sem levar nada. Ótimo, ele ficou lá. Nós entramos no táxi e saímos.
Finalmente anoiteceu e com tantas possibilidades de me enfiar em qualquer beco, resolvi ficar com dor de cabeça e febre. O sofá seco, sonolento. Apenas a impressão, o suor de outros tempos. Nenhum sexo, apenas o desejo.
Não lembro como o super feriado terminou, nem se choveu ou deixou de chover. Lembro apenas que na quarta-feira tudo voltou a se tornar óbvio.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Vitrola

Tenho minhocas na cabeça e agora, exatamente agora, elas fazem cosquinhas nas minhas idéias.

A vitrola de canto, calada e coberta de pó, anos sem funcionar. Mas, quem teria coragem de encostá-la em qualquer poste? Não agüentaria vê-la sendo pisoteada, lembranças e sonhos aos pedaços. Tantos dizem e palpitam sobre o que eu deveria fazer com ela. Porém se esquecem do que há dentro - não da vitrola, mas de mim. Mesmo que às vezes, na maioria delas, eu me esqueça, não consigo jogá-la fora. É a minha vitrola!